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Marantz 60n – função e emoção

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Num mundo cada vez mais marcado pela divisão — streamers aqui, amplificadores ali e DACs acolá - o Marantz Modelo 60n (leia-se «n» de rede) oferece um tipo raro de inclusão tecnológica, por apenas 1.280 €.

Com o 60n, a Marantz não aposta em extremismos, nem se põe em bicos de pés. Em vez disso, leva-nos suavemente ao interior da música com uma calma olímpica, combinando a conveniência digital com o calor analógico, num ‘design’ que transmite um conceito de subtil elegância.

Quando as emparelhamos com colunas como as pequenas Sonus faber Concertino G4, por exemplo, é então que começamos a perceber o que a Marantz representa: não se trata apenas hi-fi, mas antes de uma abordagem criteriosa ao áudio doméstico.

Design elegante

O Marantz 60n mantém-se fiel ao ‘design’ da marca: um painel frontal flutuante com um padrão cruzado que reflete a luz em todas as direções. O ecrã OLED central, que nos permite pouco mais que espreitar as informações, é ladeado por seis botões rotativos, incluindo controlos de tonalidade tradicionais e modo direto, sendo os dois maiores para entradas e volume. Oferece ainda a tradicional saída para auscultadores.

Mas não tem a iluminação ambiente do seu irmão 40n e alguns vão sentir falta do efeito 3D. Pesa 12,7 kg e é orgulhosamente fabricado no Japão, sendo a qualidade de construção óbvia. Cada volta, cada pressão num botão sente-se como palpável, embora talvez eu tivesse preferido a comutação por passos, em vez de rotação contínua.

O ecrã OLED central, que nos permite pouco mais que espreitar as informações, é ladeado por seis botões rotativos, incluindo controlos de tonalidade tradicionais e modo direto, sendo os dois maiores para entradas e volume.

O ecrã OLED central, que nos permite pouco mais que espreitar as informações, é ladeado por seis botões rotativos, incluindo controlos de tonalidade tradicionais e modo direto, sendo os dois maiores para entradas e volume.

Tudo o que precisa, nada que não precisa

É aqui que o 60n se destaca — não pela novidade, mas pela completude. A secção de amplificação oferece 60 watts por canal (Classe A/B), alimentada por uma fonte de alimentação que o coloca, em termos de potência, ao nível do mais caro 40n. 

No interior, um DAC ESS ES9018K2M com um filtro de fase linear de pendente lenta processa PCM a 192 kHz/24 bits e DSD 128 com jitter muito baixo. A plataforma HEOS oferece suporte robusto para streaming (incluindo Tidal, Qobuz, Spotify e TuneIn), e a unidade é totalmente compatível com Roon. Também suporta AirPlay 2, Bluetooth 5.4 e HDMI ARC — uma funcionalidade útil para integração com televisores, que não experimentei.

Os amantes de vinil (não é o meu caso) não foram esquecidos: está incluído um andar de phono MM, além de entradas digitais coaxiais e óticas, USB-A, saída para subwoofer e saídas analógicas variáveis de prévio. É uma verdadeira solução tudo-em-um sem grandes compromissos, ou seja: conveniência digital com alma analógica.

Ligue à sua rede por Wi-Fi ou Ethernet, inicie a aplicação HEOS e está pronto a começar, embora os ‘updates’ possam roubar algum tempo. A ‘interface’ é funcional, embora não seja especialmente bem concebida, e o comando remoto incluído é sólido, ainda que um pouco antiquado e sem retroiluminação.

Tudo o que precisa, nada que não precisa

Tudo o que precisa, nada que não precisa

Qualidade de som

O 60n soa tudo menos mecânico. Pelo contrário, tende para um som ligeiramente quente, apresentando médios suaves e aveludados e vozes intimistas e envolventes. Há um arredondamento agradável nos agudos, que nunca são agressivos, antes refinados; e os graves são cheios, sem se tornarem bombásticos. A Marantz fez tudo para tornar consensual o som do 60n.

Embora não deslumbre pela força bruta ou excesso de resolução, o 60n recompensa-nos com longas sessões de audição que não cansam: a apresentação é coerente e composta; o palco sonoro é arejado; os instrumentos estão bem separados; e o ritmo flui naturalmente.

Ouça-o por prazer, não ande à procura dos defeitos. Eles existem, claro. Mas são pormenores quase académicos nesta gama de preço. O Marantz 60n e as Concertino G4 não lhe oferecem assim um espetáculo de fogo de artifício hi-fi; oferecem um jogo discreto de sedução.

Soa acolhedor, suave e reconfortante como um crooner. Não anda atrás da resolução, mas da emoção.

Se procura um desempenho mais visceral e impactante, a combinação do 60n com colunas mais frontais ou com elevada sensibilidade pode ser mais adequada ao seu gosto. No entanto, para a maioria dos ouvintes, especialmente aqueles que procuram um ‘hub’ elegante para fontes digitais e analógicas, o 60n satisfaz plenamente, sem a imposição de um preço elevado, como só a Marantz sabe fazer.

O Marantz 60n + Sonus Faber Concertino G4 é uma combinação para aqueles que não querem música que grita aos ouvidos.

O Marantz 60n + Sonus Faber Concertino G4 é uma combinação para aqueles que não querem música que grita aos ouvidos.

Notas de audição:

Marantz 60n + Sonus faber Concertino G4

  1. Don't Know Why – Norah Jones

Esta faixa é um teste perfeito para a pureza dos médios e o intimismo vocal. O Marantz 60n reproduz a voz quente de Norah com muita doçura e alguma frontalidade, mas sem focagem excessiva. A linha de baixo tem corpo suficiente para dar suporte à voz, embora seja mais suave do que atlética. O ‘tweeter’ de cúpula de seda das Concertino G4 complementa tudo isto com um brilho suave — arejado e nada sibilante.

Os tons do piano soam arredondados e não martelados. Há um leve brilho analógico nesta combinação, que nunca é analítica, mas antes musical. O 60n não analisa a música; deixa-nos vivê-la por dentro.

  1. Take Five – Dave Brubeck Quartet

Os pratos de Joe Morello brilham com um delicioso ‘decay’ e o saxofone alto de Paul Desmond parece pairar num palco com boas proporções. O Marantz 60n não exagera nos contornos; pinta o quadro musical a óleo e a cores, não se limita a fazer esboços com carvão.

A articulação do baixo de Eugene Wright é ligeiramente arredondada, mas melodiosa, deixando ao swing a tarefa de propulsionar o tempo rítmico. As Sonus faber limitam-se a acrescentar um leve toque de madeira, que combina bem com este ‘jazz’ ‘vintage’.

  1. Royals – Lorde

Esta faixa com graves pesados testa a dinâmica e o controlo das baixas frequências. O Marantz 60n revela aqui a sua natureza civilizada. Os sintetizadores são bem audíveis e apresentam-se com textura, embora pouco definidos nas extremidades. As Sonus faber Concertino G4, sendo monitoras compactas não podem ajudar muito aqui.

No entanto, o médio-grave é limpo e tem ritmo. As vozes sobrepostas de Lorde são apresentadas com boa separação, no limite do holográfico. E tem claridade bastante, sem ter de recorrer ao brilho de um amplificador de classe D, ou algo ainda mais clínico.

  1. Lux Aeterna – Morten Lauridsen / Chamber Choir of Europe

Os acordes iniciais de ‘Veni, sancte spiritu’ surgem envoltos num halo de reverberação. Aqui, a classe +ura do 60n nos médios e o equilíbrio tonal natural das Sonus faber G4 brilham a grande altura. As vozes femininas e masculinas do coro apresentam-se bem estratificadas, com uma sensação palpável do ar envolvente, e a localização espacial é suavemente difusa, em vez de definida com precisão. Não há grão nos registos agudos; e as sopranos sobem sem esforço.

Resumindo e concluindo

A topologia Classe A/B do amplificador confere uma sensação de fluidez orgânica em vez de realçar os micro-detalhes. Admito que a textura sonora é tendencialmente romântica, suave e sem excesso de focagem, no melhor sentido, talvez devido à atenuação dos agudos do filtro digital escolhido.

Ainda há esperança no mundo do hi-fi: não é preciso hipotecar a casa para ouvir boa música!

O Marantz Model 60n pode não ser revolucionário, mas de certa forma reescreve o tema desgastado dos all-in-one. Não foi projetado para impressionar à primeira audição. Em vez disso, seduz-nos com o tempo e envolve-nos na música a cada faixa que passa. O 60n não grita, canta. Soa acolhedor, suave e reconfortante como um crooner. Não anda atrás da resolução, mas da emoção. E não é isso que o hi-fi deve ser?

A combinação Marantz 60n + Sonus Faber Concertino G4 é para aqueles que não gostam de música que grita aos ouvidos. Aqui, a música respira e convida-nos a continuar a ouvir. O Marantz 60n e as Concertino G4 não oferecem um espetáculo de fogo de artifício musical, mas sim um recital para apreciar à lareira. E é talvez aí que reside a sua discreta sedução.

Ainda há esperança no mundo do hi-fi: não é preciso hipotecar a casa para ouvir boa música!

Marantz 60n full front cover

O ecrã OLED central, que nos permite pouco mais que espreitar as informações, é ladeado por seis botões rotativos, incluindo controlos de tonalidade tradicionais e modo direto, sendo os dois maiores para entradas e volume.

Tudo o que precisa, nada que não precisa

O Marantz 60n + Sonus Faber Concertino G4 é uma combinação para aqueles que não querem música que grita aos ouvidos.


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